PCP exige tratamento imparcial nos média

Proclamam alhos<br>publicam bugalhos

Os prin­ci­pais meios de co­mu­ni­cação so­cial con­fir­maram-se, na úl­tima cam­panha elei­toral, como ins­tru­mentos do grande ca­pital, ao ser­viço da po­lí­tica de di­reita e dos par­tidos que a servem. O Co­mité Cen­tral do PCP, ao apre­ciar os re­sul­tados elei­to­rais de 5 de Junho, as­si­nalou ainda que a CDU, por parte da­queles ór­gãos, foi ob­jecto de dis­cri­mi­nação, des­va­lo­ri­zação e si­len­ci­a­mentos.

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Não se po­derá es­perar que os prin­ci­pais jor­nais, re­vistas e meios au­di­o­vi­suais se com­portem de forma di­fe­rente. Mas também não se es­pera que re­co­nheçam aber­ta­mente qual é o seu po­si­ci­o­na­mento nos con­flitos de in­te­resses que marcam a so­ci­e­dade ca­pi­ta­lista em que vi­vemos.

 

Também os donos e os man­dantes dos grandes meios de co­mu­ni­cação, tal como al­guns dos seus as­sa­la­ri­ados – em­pe­nhados, cons­ci­entes ou apenas obe­di­entes –, não po­derão es­perar que, neste quadro, o PCP e a CDU deixem de de­nun­ciar a con­tra­dição entre a pro­cla­mada in­de­pen­dência e os factos que a des­mentem; não po­derão es­perar que o PCP e a CDU deixem de exigir que as po­si­ções dos co­mu­nistas e da co­li­gação sejam tra­tadas de modo a que a in­for­mação pu­bli­cada cor­res­ponda à in­de­pen­dência pro­cla­mada.

 

Esta é uma luta que sub­sis­tirá, en­quanto os tra­ba­lha­dores e o povo não pas­sarem a ser os «donos e man­dantes» na so­ci­e­dade. No mo­mento ac­tual, a ne­ces­si­dade de os grandes meios irem ali­men­tando a sua face de in­de­pen­dência, e a per­sis­tente exi­gência de tra­ta­mento im­par­cial, por parte do Par­tido, são dois fac­tores que vão de­ter­mi­nando o vo­lume, o con­teúdo e a forma da in­for­mação pu­bli­cada sobre os co­mu­nistas e seus ali­ados na CDU, tal como sobre a luta or­ga­ni­zada dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções.

Uma cam­panha elei­toral de­veria ser um mo­mento em que ainda mais se im­punha haver um maior grau de im­par­ci­a­li­dade dos meios de co­mu­ni­cação so­cial. Não o sendo, acaba por tornar-se um dos mo­mentos em que mais clara fica a con­tra­dição entre o que se pro­clama e o que se trans­mite aos lei­tores, ou­vintes e te­les­pec­ta­dores.

Dei­xamos nestas pá­ginas al­guns «casos» que, nesta cam­panha, me­re­ceram o pro­testo do PCP. Por um lado, am­plia-se assim a de­núncia; por outro lado, afirma-se a de­ter­mi­nação de pros­se­guir a luta, também neste campo, pela rup­tura e pela mu­dança.

 

 O sím­bolo «im­por­tado»...

 

Ao Di­rector de In­for­mação da TVI
José Al­berto Car­valho

A ilus­tração, em toda a ex­tensão do ro­dapé, que acom­pa­nhou toda a peça de re­por­tagem sobre a cam­panha da CDU, hoje edi­tada no no­ti­ciário das 13 horas pela es­tação que di­rige, não pode deixar de ser lida como um exer­cício de la­men­tável ma­ni­pu­lação.

Já seria ina­cei­tável a edição de peças elei­to­rais ilus­tradas com re­curso a «ro­busto» PCP, acom­pa­nhado pela in­serção de um sím­bolo ale­ga­da­mente apre­sen­tado como sendo deste par­tido (o que por si só já não seria acei­tável, dado que o rigor de in­for­mação deve obrigar a que devam ser edi­tadas as si­glas e sím­bolos com que cada um se apre­senta nos bo­le­tins de voto). Mas mais grave e inex­pli­cável é que na mon­tagem cons­truída se tenha im­por­tado um outro sím­bolo – no caso o do MRPP. Cons­trução que só pode ser vista, a quatro dias das elei­ções, como uma gros­seira fal­si­fi­cação da imagem da CDU – aquela que cor­res­ponde aos ele­mentos grá­ficos cons­tantes do bo­letim do voto, ou seja os sím­bolos do PCP e do PEV juntos – e a sua de­li­be­rada subs­ti­tuição por um sím­bolo que nos bo­le­tins de voto se con­funde e con­funde.

Re­jei­tamos desde já, por an­te­ci­pação, a re­cor­rente e mais que pro­vável ex­pli­cação sobre um ale­gado «la­men­tável equí­voco». O que ali foi edi­tado, e que pela sua pró­pria ob­ser­vação po­derá con­firmar, não é sus­cep­tível de o ser à margem de uma de­li­be­rada cons­trução para fa­vo­recer junto de muitos mi­lhares de elei­tores, pelo en­gano, um voto di­ri­gido a ou­tras can­di­da­turas.

Sem qual­quer ex­pec­ta­tiva de que os pre­juízos cau­sados possam ser re­ver­tidos, re­cla­mamos o di­reito da ime­diata cor­recção deste epi­sódio e de ver ob­ser­vados pa­drões de ver­dade e de rigor in­for­ma­tivo (que no es­sen­cial temos iden­ti­fi­cado da vossa parte) nos dias res­tantes da cam­panha em curso.

 30.05.2011 
A CDU

 

 

Prós e Con­tras
com uma voz só

 

Ex.mo Sr. Nuno Santos
Di­rector de In­for­mação da RTP

O Prós e Con­tras da pas­sada se­gunda-feira, que tinha o ob­jec­tivo de es­cla­recer os por­tu­gueses sobre o fu­turo do País, na sequência da in­ter­venção da «troika», li­mitou-se a apre­sentar a versão dos que as­si­naram o pacto de sub­missão, como se não hou­vesse na so­ci­e­dade por­tu­guesa pro­postas e ca­mi­nhos al­ter­na­tivos.

O Prós e Con­tras, a menos de um mês das elei­ções le­gis­la­tivas e num pe­ríodo de in­tenso de­bate po­lí­tico, ao mesmo tempo que afirma que «é im­por­tante que os por­tu­gueses per­cebam com co­ragem e de forma re­a­lista o que vai acon­tecer», não só reduz o de­bate a re­pre­sen­tantes/​per­so­na­li­dades do PS/​Go­verno, PSD e CDS-PP, sem con­tra­di­tório, como também a jor­na­lista, ela pró­pria, se apre­senta como de­fen­sora do pen­sa­mento único su­bli­nhando, entre ou­tros as­pectos, que a forma de sair da crise «terá que ser prag­má­tica e deixa pouca margem para al­ter­na­tivas».

De facto, o pe­ríodo elei­toral que vi­vemos não se com­pa­dece com pro­gramas de sen­tido único e cla­ra­mente con­di­ci­o­na­dores da for­mação da opi­nião dos por­tu­gueses e exige, também no Prós e Con­tras, um de­bate plural onde se con­frontem, sem con­di­ci­o­na­lismos, todas as pro­postas e al­ter­na­tivas po­lí­ticas.

11.05.2011
Ga­bi­nete de Im­prensa do PCP

 

Os votos na CDU
valem ainda mais


«O voto de mais de 440 mil elei­tores que ex­pres­saram a sua con­fi­ança à CDU é tão mais im­por­tante e va­lo­ri­zável quanto foi ne­ces­sário anular re­sig­na­ções e medos ins­ta­lados, vencer a men­tira e a dis­si­mu­lação da­queles que nunca re­ve­laram os seus ver­da­deiros pro­gramas e in­ten­ções po­lí­ticas, com­bater ar­ti­fi­ciais bi­po­la­ri­za­ções e falsas dis­putas.

Re­sul­tado tão mais va­lo­ri­zável quanto teve de vencer a dis­cri­mi­nação, a des­va­lo­ri­zação e si­len­ci­a­mentos por parte dos prin­ci­pais meios de co­mu­ni­cação so­cial que se con­fir­maram nesta cam­panha como ins­tru­mentos do grande ca­pital ao ser­viço da po­lí­tica de di­reita e dos par­tidos que a servem.»

Co­mu­ni­cado do Co­mité Cen­tral do PCP
7 de Junho de 2011

 

O «não can­di­dato» do Pú­blico

 

Exma Sr.ª D. Bár­bara Reis
Di­rec­tora do jornal Pú­blico

Tem sido opção do Pú­blico, pela mão da pessoa que foi des­ta­cada para co­brir a cam­panha da CDU, manter uma linha de re­por­tagem as­sente no ames­qui­nha­mento, me­no­ri­zação e até in­sulto.

Desde as idi­otas ava­li­a­ções sobre o dia – sempre no «baixo» - ou porque choveu, ou porque só se fi­zeram duas ini­ci­a­tivas nesse dia (quando ou­tros fi­zeram igual nú­mero de ac­ções), ou porque se está em «ter­reno fa­vo­rável», ou porque se está em «ter­ri­tório onde nunca se elegeu»; as pre­con­cei­tu­osas afir­ma­ções, como as que hoje abre a peça «Je­ró­nimo só viu pri­va­ti­za­ções à frente», ou «exemplo do Por­tugal sen­tado» para se re­ferir a uma ini­ci­a­tiva sobre novas ge­ra­ções que ma­ni­fes­ta­mente o in­co­modou; até à ou­sadia do in­sulto ex­pressa na ideia do «pla­neta CDU» (talvez para fugir ao termo «lu­ná­ticos» que de­se­jaria ter usado mas que aco­bar­da­da­mente não as­sumiu), tem va­lido tudo.

NSL, a pessoa des­ta­cada para esta missão, tem o di­reito de ter as opi­niões po­lí­ticas que quiser. Não terá é o di­reito de, no papel com que se pre­tende apre­sentar – o de jor­na­lista –, de­sem­pe­nhar o que de­sem­pe­nharia se, mais ho­nes­ta­mente, ti­vesse feito a opção de se can­di­datar por força po­lí­tica di­fe­rente e nessa qua­li­dade cri­ticar, ames­qui­nhar e até in­sultar a CDU. Sob pena de a fron­teira entre jor­na­lismo e ac­ti­vi­dades a soldo de ter­ceiros se con­fun­direm.

Com re­du­zida ex­pec­ta­tiva de in­versão do sen­tido e con­teúdos do que o Pú­blico ca­ri­ca­tura como sendo a cam­panha da CDU, não que­remos deixar de re­gistar o nosso pro­testo.

 27.05.2011
A Co­or­de­na­dora da CDU

 

A ca­mi­sola da ofensa
ves­tida pelo DN

 

Ao Di­rector do Diário de No­tí­cias

A in­serção hoje no DN de uma peça sob o tema «Diz-me que t-shirt usas e dir-te-ei o que pensas», onde o se­cre­tário-geral do PCP en­verga uma ca­mi­sola da Co­reia do Norte, cons­titui um acto gra­tuito de pro­vo­cação e mes­qui­nhez ética e in­te­lec­tual, im­pen­sável num órgão de co­mu­ni­cação so­cial que as­pire a ser visto como re­fe­rência jor­na­lís­tica.

Com esta peça o DN ul­tra­passa, quer pela ideia quer pelos con­teúdos, uma fron­teira que jul­gá­vamos pouco pro­vável no jornal que di­rige: o de, em ma­téria de pre­con­ceito an­ti­co­mu­nista, se ter pas­sado do nível da in­si­nu­ação para o da mais des­bra­gada ofensa.

Os fins não jus­ti­ficam tudo, so­bre­tudo quando se in­vade ter­renos de exer­cício in­sul­tuoso sobre pes­soas. Por crí­ticas que ti­vés­semos sobre o DN e a sua co­ber­tura da acção do PCP e da CDU – e al­gumas é na­tural que pu­dessem haver – isso não nos au­to­ri­zaria a pu­blicar um qual­quer texto ilus­trado com res­pon­sá­veis por esse jornal en­ver­gando uma qual­quer ca­mi­sola, fosse do BPN ou algo que, mais ou menos a des­pro­pó­sito, in­si­nu­asse li­ga­ções que ti­vessem por ob­jec­tivo lei­turas in­ju­ri­osas. Em ma­téria de res­peito ou de in­sulto, este é um po­si­ci­o­na­mento que faz toda a di­fe­rença.

O PCP e o seu se­cre­tário-geral não re­cebem de nin­guém (e em par­ti­cular dos que, como o autor que as­sume a peça, as­pi­ra­riam poder passar do plano da es­crita para ou­tros ní­veis , fe­liz­mente re­mo­vidos com o 25 de Abril, em ma­téria de acção an­ti­co­mu­nista) li­ções sobre de­mo­cracia e li­ber­dade, nem aceitam fal­si­fi­ca­ções gra­tuitas sobre o pro­jecto de de­mo­cracia po­lí­tica, eco­nó­mica, so­cial e cul­tural que de­fendem para o País.

Dir-se-à – que é o que es­pe­ramos ouvir como res­posta – que o jor­na­lismo é livre e que os res­pon­sá­veis do DN não res­pondem pelo que lá se es­creve. Ou ainda que, a pre­texto de uma qual­quer au­sência de sen­tido de humor do PCP, se pro­cure es­conder que o que ali está sobre nós, e não está sobre os ou­tros, faz toda a di­fe­rença, pela pre­me­di­tada exa­cer­bação de an­ti­co­mu­nismo e de de­tur­pação das suas po­si­ções, da sua acção e do seu pro­jecto. Mesmo assim, aqui fica o re­gisto do pro­testo e da in­dig­nação pelo que a peça em si contém e dos ob­jec­tivos elei­to­rais que pre­tende servir, bem como a con­vicção que man­temos de que a dig­ni­dade e as res­pon­sa­bi­li­dades que a pro­fissão de jor­na­lista en­volvem são in­com­pa­tí­veis com a mer­ce­na­ri­zação que al­guns, como o autor da peça pa­ten­teia, nor­teiam a sua in­ter­venção no es­paço que têm ao seu dispor.



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